quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Joga pedra na Geni, joga bosta na Geni!


Na última quinta-feira, dia 22/10, aconteceu algo que mostra até que ponto chega a estupidez humana. O fato aconteceu em uma universidade, na Uniban, mais precisamente. Em uma universidade como a Uniban não esperamos encotnrar uma super concentração de gênios (com todo respeito), mas esperamos encontrar pessoas civilizadas, que estão cursando o ensino "superior" e etc.
Vamos aos fatos. Uma aluna da universidade ousou ir à aula vestindo um vestido curto. Muito curto, segundo os relatos. Alguns dizem que mal cobria as coxas da moça. Ao subir as escadas da universidade, os homens, numa demonstração de ocupação territorial para definir quem era o macho-alfa do local, começaram a provocar e falar obscenidades para a moça. Não tendo a atenção desejada, a cercaram e os insultos ficaram pior, seguidos até por ameaças de estupro. A moça do vestido curto então, saiu correndo para uma sala e lá se trancou. Logo uma multidão se aglomerou na porta e iam se juntando em um coro para ver a aberração que estava lá dentro. Aos poucos a multidão ia entonando um coro de 'puta! puta! puta! puta!".
A confusão só foi dispersada quando a polícia chegou e escoltou a moça (ainda sob o coro de "puta!") para fora do local, agora coberta com um avental de professor.
Vários vídeos pipocaram na internet mostrando esse caso de histeria coletiva. Os homens babavam de raiva por aquela "puta" não lhes dar atenção. As mulheres se viam alí vingadas, e riam da situação da "puta".
Para quem quiser conferir, a notícia está aqui:

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1358779-5605,00-ALUNA+COM+POUCA+ROUPA+PROVOCA+TUMULTO+EM+UNIVERSIDADE+E+VIDEO+CAI+NA+WEB.html.

Os videos não devem ser difícil de achar na internet.

Agora, vamos aos fatos. Não faz a menor diferença se a moça era ou não "puta", "garota de programa", "acompanhante", "meretriz", "profissional do sécsu", "atacante", ou qualquer termo que defina essa antiga profissão. A verdade é que, vimos aí um exemplo do comportamento onde um grupo de pessoas que têm moralismos baratos guardados desde o nascimento se afloram diante de um "inimigo" comum. Os "homens" (entre aspas, pq não podem ser chamados assim) viram alí sua virilidade afetada. Como aquela VADIA poderia ignora-lo? As moças recatadas, estudantes da Uniban e com um futuro brilhante, viram alí tudo o que mais desprezam em um sociedade, mas que têm vontade de fazer (e não coragem).

A moça do vestido curto foi então usada de cristo por um bando de pós-adolescentes, que mesmo esperando que tenham um comportamento adequado pelo status que vivem, mostraram ao ponto animalesco que podem chegar.

O que isso tem a ver com o blog? Primeiro, saindo um pouco da mídia que propomos tratar aqui, nos faz lembrar da música "Geni e o Zepelim" do Chicão Buarque.

A mocinha da Uniban, na visão daqueles estudantes, é feita para apanhar e boa de cuspir! Eles sim, pessoas exemplares e dignas, não podem viver com um lixo como uma pessoa que vai semi-nua à faculdade

E agora, no cinema, me fez lembrar de dois filmes.

Mais rapidamente, lembrei da cena do filme "Zorba, o Grego", em que a viúva que era desejada por todos os homens da cidade (e negava fogo a todos) é apedrejada após descobrirem que ela estava tendo um caso com um rapaz do vilarejo (o que desrespeitava seu luto)

E outro filme, que tem totalmente a ver com isso, é Dogville do diretor Lars Von Trier. E é um filme que está alí na listinha de filmes favoritos da minha colega de blog.

No filme, a personagem de Nicole Kidman vai parar em uma pequena vila, onde no começo é bem tratada, mas logo passa a ser o alvo de todas as frustrações dos moradores da vila. Estuprada pelos homens, feita de escrava pelas mulheres.

Recomendo altamente esse filme, apesar de precisar de um pouco de paciência para ver. É um filme de quase 3 horas (ou até mais que três horas) e totalmente sem cenário. O filme todo é passado em um tablado. Mas é só ter paciência, pq o filme vale MUITO a pena.

É engraçado que as pessoas tenham essa tendência totalitária. Junte um grupo, aponte um inimigo em comum, e pronto. Vc tem uma situação bizarra.



segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Persépolis


Aluguei Persépolis outro dia por pura curiosidade. Sempre via o cartaz no HSBC Belas Artes, mas nunca tinha realmente me interessado para ver o filme, apesar de o cartaz sempre ter me chamado a atenção pelo desenho bonito.
Estava na locadora e o vi lá e pensei "Pq não?". Foi assim que eu mergulhei na história dessa animação que é simplesmente maravilhosa!
O filme é beseado nos quadrinhos (ou no Graphic Novel, if you must) escrito pela escritora e ilustradora iraniana Marjane Satrapi.
Nessa história fazemos uma grande viagem pela vida da própria escritora, onde ela nos conta suas experiências de via, as pessoas com quem conviveu, os lugares onde morou, tudo sob o ponto de vista de uma mulher que teve um educação libertária em um país que sofreu uma revolução islâmica fundamentalista.
A história começa mostrando junstamente isso. Marjane é filha de uma família de classe média alta e teve uma educação laica e libertária, estudando sua infância em uma escola bilíngue (francesa). Após a revolução islâmica o país sofre gigantescas transformações. As escolas bilíngues são fechadas e a educação passa a ser fundamentalmente voltada para ensinar a moral islâmica. Marjane e todas as outras mulheres iranianas são obrigadas a usar o véu, além de outras proibições que terão que se acostumar para poder continuar vivendo no país.
Com o início da guerra do Irã x Iraque, seus país à mandam para a Europa, onde ela vive por aproximadamente 4 anos.
Em Vienna, Marjane é só mais uma estrangeira, que consegue alguns amigos mas não deixa de sofrer o grande preconceito por seu lugar de origem e sua religião.
Após esse tempo na Europa ela volta para o Irã, onde o regime está mais forte e rígido do que nunca, e lá ela é uma iraniana ocidentalizada vivendo sob regras que ela não consegue se adaptar.
É muito interessante ver essa dualidade que a personagem sofre e o contexto no qual a história de passa.
Como um atrativo maior, vale a pensa ver o filme pela beleza das animações, pelos diálogos divertidos dos personagens e até mesmo pela referências culturais feitas.
Gostei tanto do filme que acabi comprando o livro, que é igualmente sensacional!

Para quem quiser assistir ou quiser ler, é só clicar! ;)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Free Polanski!


Roman Polanski está atualmente preso na suiça por um crime que cometeu no ano de 1977. O crime? Praticou relações sexuais com uma menina de 13 anos, quando ele, na época, tinha 45.
Diz a lenda que Polanski teria drogado a garota para que pudesse ter relações sexuais com ela. Ok. Poder ser ou pode não ser.
Desde a acusação, o diretor franco-polaco fugiu dos EUA e se exilou na França, onde poderia viver livre da cadeia. Nesse período, mesmo com a impossibilidade de estar em Hollywood, ou seja, no centro do mundo cinematográfico, Polanski realizou grandes trabalhos e inclusive venceu o Oscar de melhor diretor em 2002 por "O Pianista". (Oscar que, óbviamente, não pode ser recebido na cerimônia)
Agora, 32 anos depois do acontecido, Roman Polanski é preso ao desembarcar na suiça para um festival de filmes. A polícia local afirmou que tinha um mandato de prisão para encarceirar o diretor.
A prisão de Polanski é certa ou é errada? Muitos devem concordar com o que aconteceu e, já que ele cometeu o crime, deve pagar pelo que fez. Mas ok, vamos analisar bem a situação.
 - O diretor foi preso 32 anos após o ocorrido. Quando foi preso, alegou-se que ele é perigoso para a sociedade e poderia cometer o crime novamente. Algo que não ocorreu em 32 anos.
- O diretor foi dito como foragido da polícia. Foragido??? Ele fez Tess, O Pianista, Oliver Twist escondido no buraco do Bin Laden? Todos sabem onde ele estava. Ele não estava e nunca esteve foragido.
- É uma prática comum um sentenciado ser libertado por "bom comportamento". Ok, você pode dizer "mas ele nunca cumpriu a pena", mas é certo não perdoar uma pessoa após 32 anos de um crime que a própria vítima pede para a justiça esquecer?
- Sim, a vítima é hoje uma senhora casada e com dois filhos. Hoje com 45 pede para que o caso seja esquecido e que a imprensa pare de urubuzar. Ela diz que a insistência para que Polanski vá á um tribunal americano é uma "piada cruel".

Fica aqui a impressão de que é um simples revangismo do Povo dos EUA x Roman Polanski. Polanski é perseguido hoje pelo mesmo país gerador de psicopatas como Charles Manson que, em 1969 entrou na casa da esposa de Polanski, Sharon Tate (que estava grávida de 8 meses) e a assassinou brutalmente.

A justiça pede que o mesmo tratamento dado à Manson seja dado à Polanski. É justo?

Ps: Uma das grandes emoções da minha vida como admirador de cinema: Visitar a Academia de Cinema de Lodz, onde o figura estudou


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

E La Nave Va...



Bom, depois de tanto tempo parado aqui, quase que pode-se usar o título da obra de Fellini para o nosso blog. (Nosso?)
Mas não, vamos manter isso aqui vivo e aceso!
Bom, vamos então falar um pouco (e sem muita propriedade, pois só vi o filme uma vez) de E La Nave Va...
O filme começa com uma cena bonita, onde Fellini homenageia o cinema antigo usando imagens sépia e legendas para indicar o cinema mudo. Quand oa tripulação sobe no navio, o filme começa.
Logo de início descobrimos que a viagem se trata de um funeral. Amigos de uma cantora falecida vão levar suas cinzas até uma ilha, como foi seu último desejo.
Aos poucos, vamos conhecendo os personagens diante da visão do narrador, o jornalista Orlando. O jornalista (muito bem interpretado por Freddie Jones) vai apresentando os personagens conforme seu julgamento, e então somos expostos aos mais excêntricos tipos que são comuns nas obras de Fellini. Temos desde um tenor que disputa atenção com outro tenor, um ex-amante da cantora, um comediante homossexual e um velinho pederasta (ah, é sim! é pederasta sim!), um lorde inglês que é chifrado pela esposa com toda a tripulação do navio, mas não perde a pose e até o grão-duque de um país (não ficou bem claro se era da Áustria ou da Hungria). Até mesmo um rinoceronte entra nessa dança de Fellini.
Toda essa galera chiquérrima vai aproveitando a viagem até que o comandante do navio se vê obrigado a resgatar um bando de refugiados sérvios que estavam no mar, fugindo do país após o império Austro-Húngaro declarar guerra à Sérvia (dando início à Primeira guerra Mundial).
Nessa situação, toda a nata da sociedade européia (principalmente italiana), é obrigada a conviver com pessoas de uma "classe inferior". No começo, óbviamente, os passageiros do luxuoso navio esperam que providências sejam tomadas para que os refugiados sejam retirados do navio. Principalmente o pessoal que cuida da segurança do grão-duque.
No entanto, com a convivência, as pessoas começam a se acostumar com a presença dos refugiados e começam até mesmo a interagir, até que um navio da frota Austro-Hungara exige que os refugiados sejam entregues.
Por ordens superiores, o comandante do navio é obrigado a devolver os refugiados e, ao meu ver, há aí uma visão romântica de Fellini, pois as pessoas que antes repudiavam a presença dos sérvios, passam a lutar contra a prisão dos refugiados (claro que eles não pegam numa Uzi e saem atirando, mas simbolicamente).
Vale a pena ver o filme, principalmente por ser uma das grandes obras de Fellini